terça-feira, 10 de junho de 2014

Poema - Carlos Drumond de Andrade

Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.
Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.
O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê, praquê.
Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá.
Carlos Drummond de Andrade )
(Poema do livro Reunião – 10 livros de poesia. São Paulo: José Olympio, 1969. p. 26)
(Poema digitado e novamente conferido por mim mesmo em 5 de setembro de 2012, publicado emAntologia Poética - 12a edição - Rio de Janeiro: José Olympio, 1978, ps. 137 e 138) 

domingo, 27 de abril de 2014

BOM DIA CARINHOSO

Que o dia de hoje esteja trazendo o novo, a mudança e o grande vôo! Que o agora seja vibrante em nossos corações sem projeções futuras, sem memórias passadas. Vamos experimentar o abandono dos pesos , vamos tentar ser como o pássaro que canta lá fora nesse exato momento, ser como a árvore que faz a sombra amena, como o sol que reflete vida a cada segundo.. Sintonizar o nosso eu nesse instante que está chegando, porque ele revela a única existência verdadeira e respira cheio de possibilidades reais. O instante de agora traz nele a mais pura semente germinável, aquela que é capaz de transformar todos os nossos conceitos condicionados . Sentir o contato, o toque suave desse dia, fechar nossos olhos e tentar absorver o agora o entendendo como o grande presente da energia, percebendo a grandiosidade que nos é oferecida quando abrimos realmente os braços para recebê-lo sem tensões, sem as interferências da mente, sem os pensamentos que o anulam. Recebê-lo com as portas do coração abertas e renascer, mergulhar, conhecer a consciência de ser na exuberância desse instante. Como borboletas que seguem em direção à Luz, que cada um de nós saiba abandonar os antigos casulos e voe em direção ao brilho da vida que está começando agora.
Autor desconhecido.